A música, como integrante do grupo das artes, é uma forma de expressão natural do ser humano, e a partir dela podemos demonstrar emoções, afeto, sensações e resgatar lembranças. Sua capacidade de produzir subjetividades nos permite caminhar por territórios inexplorados, sendo uma ferramenta promotora de autoconhecimento, reflexão e estímulo do convívio social.
Já era de conhecimento de grandes filósofos gregos como Pitágoras, Aristóteles e Platão, de que a música afeta positivamente a saúde e o bem-estar, e na própria mitologia grega, o deus Apolo era considerado o senhor da música, ao tocar sua lira para curar os enfermos. Contudo, somente em 1944 que a música, como forma de terapia, foi reconhecida como ciência e profissionalizada, na Universidade Estadual de Michigan, após diversos resultados positivos com concertos de músicos dentro de hospitais de campanha durante a Segunda Guerra Mundial (1939 – 1945).
Apesar de no cérebro humano ainda não ter sido identificado um centro musical, é provável que a música estimule uma atividade conjunta dos dois hemisférios, sendo a apreciação melódica e rítmica estimuladora do córtex frontal, este, responsável também pelo arquivamento de memórias, refletindo em melhora no grau de aprendizagem e retenção de informações por parte do indivíduo.
Níveis intensos de estresse e ansiedade reduzem o nível circulante de serotonina, neurotransmissor envolvido na comunicação entre neurônios, diminuindo a atividade cerebral. A música exerce efeito estimulante nas células cerebrais, aumentando o nível de serotonina, melhorando assim a disposição e o humor. Também estimula a liberação de endorfinas, hormônio conhecido por aumentar a sensação de bem estar e prazer.
Segundo Sekeff (2007), a música é um recurso de desenvolvimento pessoal, equilíbrio e integração do indivíduo ao meio que ele vive. Por despertar sentimento de empatia, afetividade e contribuir para a forma que o indivíduo percebe o mundo que o cerca, a música pode ser capaz de remover barreiras, resistências e melhorar a comunicação, sendo um componente significativo de mudanças individuais e coletivas.
Por fim, o contato com a música exerce efeitos poderosos de reconhecimento da realidade em que vivemos, aumentando o desejo em transformar o contexto em que estamos inseridos, de forma individual ou coletiva.
Leandro Luiz Cunha Machado
Referências:
AREIAS, J. C. A música, a saúde e o bem estar. Revista de Pediatria do Centro Hospitalar do Porto, v. 25, n 1, 2016.
BATISTA, N. S; RIBEIRO, M. C. O uso da música como recurso terapêutico em saúde mental. Revista de Terapia Ocupacional da Universidade de São Paulo, v. 27, n. 3. p. 336-341, 2016.MACDONALD, R. A. R. Music, health, and well being: a review. International Journal of Qualitative Studies on Health and Well-being, v. 8, n. 1, 2013.
MATOSO, L. M. L; OLIVEIRA, A. M. B. O efeito da música na saúde humana: base e evidências científicas. Ciência & Desenvolvimento – Revista Eletrônica da FAINOR, Vitória da Conquista, v. 10, n. 2, p. 76-98, 2017.
SEKEFF, M. L. Da música, seus usos e recursos. São Paulo: UNESP, 2007.