Observando a desenvolvimento da sociedade ao longo de toda história da humanidade, é possível perceber uma íntima conexão entre a música e a maneira que nós desenvolvemos com seres sociais. A música, assim como toda expressão artística, parece ser uma das ações básicas dos seres humanos, presente em todas as culturas desde a antiguidade.
A música foi definida pelas antigas civilizações como “o som organizado inteligentemente com harmonia, produzindo uma força tangível, que pode ser aplicada com o fim de criar uma mudança”. Vivemos em uma Era moderna cada vez mais conectada, que proporciona uma enxurrada de quantidade e variedade de estilos e produções musicais. Quando as ouvimos, estamos realmente cientes do seu significado e implicações que podem causar? Podemos admitir que a música, do ponto de vista físico, com suas vibrações e frequências delicadamente organizadas, tem a capacidade de produzir uma força que age sobre o mundo a sua volta?
Albert Einstein é reconhecido como um dos homens mais inteligentes que já viveram. Um fato pouco conhecido sobre sua juventude é que seus professores o consideravam extremamente improdutivo na escola e que seria um desperdício de recursos investir tempo e energia em sua educação. Seus pais não achavam que Albert fosse "estúpido” e compraram-lhe um violino o que despertou sua curiosidade e início na educação musical. O próprio Einstein considerou que o estudo da música e improvisações no violino foram a chave que o ajudou a desenvolver as famosas equações, que o levaram a ser considerado uma das mentes mais brilhantes da humanidade.
Respostas à Música
Amplamente discutido e documentado cientificamente que a música é capaz de influenciar os seres vivos (animais, plantas, bactérias, etc). Nós serem humanos é difícil encontrar uma única fração do corpo que não sofra esta influência. As raízes dos nervos auditivos possuem conexões mais extensas que as de quaisquer outros nervos do corpo (fato que pode ter profunda significação interior). Em geral esses efeitos são instantâneos e duradouros e essas respostas podem ser observadas por exemplo na digestão, secreções internas, frequência cardiorrespiratória, circulação sanguínea e sensibilidade das redes neurais aos princípios harmônicos.
As respostas à música são fáceis de serem detectadas no corpo humano. A música clássica faz com que o batimento cardíaco e a pulsação relaxem ao ritmo da música. À medida que o corpo fica relaxado e alerta, a mente é capaz de se concentrar mais facilmente aumentando a capacidade de aprender. Além disso, diminui a pressão sanguínea, também afeta a resistência elétrica da pele, a contração e dilatação das pupilas, afeta a amplitude e a frequência das ondas cerebrais, que podem ser medidas por exame de eletroencefalograma.
Acredita-se que a música conecte todos os elementos emocionais, espirituais e físicos do universo. Desta forma a música é uma ferramenta poderosa: pode ser usada para alterar o humor de uma pessoa ou influenciar o “ânimo” de toda a plateia fortalecendo ou enfraquecendo emoções em um evento específico, como por exemplo durante práticas liturgistas, reuniões familiares, shows, etc.
As pessoas percebem e respondem à música de maneiras diferentes. O nível de musicalidade do intérprete e do ouvinte, bem como a maneira pela qual uma obra é executada, afeta a "experiência" da música. Um músico experiente e talentoso pode ouvir e sentir uma peça musical de uma maneira totalmente diferente de um iniciante ou não músico. É por isso que dois relatos da mesma peça de música podem se contradizer.
Não é possível provar que duas pessoas podem sentir exatamente a mesma coisa ao ouvir uma peça musical. Por exemplo, os primeiros missionários da África achavam que os nativos tinham um ritmo ruim. Os missionários disseram que, quando eles tocavam os tambores, parecia que eles não estavam batendo corretamente. No entanto, mais tarde foi descoberto que estavam executando batidas polirrítmicas complexas, como 2 contra 3, 3 contra 4 e 2 contra 3 e 5, etc. Essas batidas eram muito avançadas para os missionários seguirem.
O ritmo também é um aspecto importante da música para estudar quando se observa respostas à música. Existem duas respostas ao ritmo: audição real do ritmo e resposta física ao ritmo. O ritmo organiza os movimentos físicos e está muito relacionado ao corpo humano. Por exemplo, o corpo contém ritmos no batimento cardíaco, enquanto caminha, durante a respiração, etc. Um exemplo de como o ritmo ordena o movimento é um garoto autista que não conseguia amarrar os sapatos, porém foi capaz de realizar esta atividade motora quando foi colocada uma música - o ritmo ajudou-o a organizar seus movimentos físicos no tempo do compasso musical.
Extrapolando os efeitos da música sobre a vida de outros seres vivos, diversos estudos sugerem que a música também tem forte influência em seus desenvolvimentos e comportamentos. Em experimentos realizados em laboratórios, animais cobaias tem uma certa preferência em determinados tipos de composições musicais do que outras, e os cientistas concluíram que apesar dos animais não compreenderem a música da mesma forma que os humanos, a relacionavam com o estímulo do prazer que sentiam. Outros estudos certificaram que determinados tipos de música podem induzir as galinhas a botar mais ovos e vacas produzirem mais leite.
Para eliminar o suposto efeito da reação psicológica e subjetiva da consciência dos animais, experiências foram conduzidas com formas de vida consideradas menos evoluídas; afinal, se essas formas de vida forem suscetíveis às alterações causadas pela música, seria possível provar sua influência direta nos seres vivos em geral. O que se pode comprovar dos efeitos da música sobre a vida não animal? Por mais paradoxal que possa parecer, os efeitos da música no Reino vegetal é um dos métodos mais convincentes para confirmar esse efeito nos seres humanos.
Grupos de pesquisadores descobriram que sementes de trigo submetidas ao crescimento sob determinadas frequências tonais, além de apresentarem desenvolvimento até três vezes superior às sementes do grupo controle (sem exposição aos sons), também germinaram mais depressa, melhor produção de grãos e exibiram resistência às geadas. Estudos semelhantes também mostraram que espécies florais apresentaram diferenças significativas tanto na velocidade e produção de flores, tamanho das raízes, vigor e tempo de vida.
Através desses simples experimentos e outras numerosas pesquisas que investigam os efeitos da música em todos os seres, chegou-se a conclusão que a música é um recurso poderoso; além de ser capaz de despertar respostas emocionais induzindo determinadas sensações, desperta em todos os seres vivos mecanismos benéficos ainda não bem explicados.
Ainda antes de nascermos estamos expostos aos sons, e ele estará presente (até mesmo para deficientes auditivos) durante toda nossa vida. Nem seria necessário dados científicos elaborados, usando tecnologia de ponta, para comprovar este poder fascinante que a música exerce. Nossas próprias experiências cotidianas estão repletas de acontecimentos; por exemplo, quando ouvimos aquela música preferida – sem mesmo saber por que à preferimos, que deixam claro a influência poderosa que a música opera sobre nós.
Ficou curioso sobre o assunto e gostaria de aprender mais? Entre em contato com a Momento Musical e venha vivenciar o poder de transformar relações através da música!
» Felipe Gabriel Andrino
REFERÊNCIAS:
Emotional responses to music: Experience, expression, and physiology. Lunqdvist, L. et al. Article in Psychology of Music 37(1):61-90 · January 2009
Music and the Brain. O´Donnell. L, Article in Revista Eletrônica de Divulgação Científica em Neurociência. Disponível em http://www.cerebromente.org.br/n15/mente/musica.html
O Poder Oculta da Música: A transformação do homem pela energia da música. Tame, D. Ed. Cultrix 1984